Resumo:
O Movimento Estudantil de Ocupações constitui uma forma de resistência às reformas implementadas pelos governos na Política de Educação fundamentadas em interesses macroeconômicos. O movimento tem como pauta as precárias condições das escolas e dos sistemas de ensino, utilizando a tática de ocupação como meio de fazer ouvir as e os estudantes que por sua condição adolescente têm um espaço de participação política reduzido na organização social contemporânea. Essas manifestações compõem o campo de estudo da presente pesquisa que tem como delimitação temática a experiência de ocupação de quatro escolas, na cidade de Caxias do Sul, entre maio e junho de 2016. O Movimento Estudantil de Ocupações estendeu-se de 2015 a 2016, no Brasil, sendo iniciado por estudantes do ensino fundamental e médio, conhecido como Movimento Secundarista de Ocupações, tendo a adesão de estudantes de universidades e de institutos federais como frente de luta contra a MP 746/2016, que define a reforma do ensino médio, e a PEC 241/2016, do congelamento de investimento nas políticas sociais, por 20 anos. Para embasar a abordagem da temática realizamos uma pesquisa do Estado da Arte, na qual sistematizamos as produções de teses e dissertações acerca da Participação Estudantil e do Movimento Estudantil e artigos que tratam especificamente do Movimento Estudantil de Ocupações. Problematizamos que o Movimento Secundarista de Ocupação surgiu como consequência da dialética das experiências escolares cotidianas e pela influência das manifestações contemporâneas que configuram novas formas de atuação pelo hibridismo entre o ciberespaço e o espaço urbano, dessa maneira, inquirimos acerca das modificações na experiência de escolarização das e dos estudantes que participaram do movimento. Com isso, identificamos e refletimos sobre as contradições da experiência cotidiana de escolarização e as modificações que a vivência das ocupações motivou na consciência social das e dos estudantes a respeito da educação. As fontes da pesquisa são compostas por quatro entrevistas semiestruturadas, com uma ou um estudante de cada escola estudada, postagens na rede social virtual Facebook e reportagens sobre a temática. Por meio da análise das fontes da pesquisa apreendemos que a experiência de ocupação foi potente em aprendizagem política, principalmente, sobre as diversas formas que pode ser configurada a participação democrática. Desse modo, concluímos que o Movimento Secundarista de Ocupações significou para as e os estudantes uma reconfiguração da maneira de vivenciar a educação e as relações escolares.