Resumo:
Esta pesquisa resultou da análise do contexto de pluralidades em que se formou o Estado de Roraima, predominantemente constituído pelo processo migratório, em diversas fases. Nessa perspectiva, destaca-se principalmente o período que abarcou o fim da condição de Território Federal - na última metade da década de 1980 e em meados de 1990 - quando se registraram significativos contingentes populacionais que atenderam aos apelos para migrar em virtude da exploração mineral nos garimpos ou pela instalação do novo Estado, dentre os quais os maranhenses - em especial, os residentes no bairro Santa Luzia, localizado na zona Oeste da capital Boa Vista, estruturado pela referida demanda e entendido como lócus privilegiado da presente investigação, de natureza qualitativa e intencionadamente pensada como etnografia urbana. Para tanto, adotou-se como objeto de estudo a questão identitária e as formas de sociabilidades desses migrantes, provenientes de diferentes municípios do Maranhão. As histórias de vida dos interlocutores selecionados subsidiaram análises pautadas nas recomendações metodológicas da observação participante, para as quais foram utilizados instrumentos de coleta como entrevistas semiestruturadas, fluindo narrativas para evidenciar o contexto da/na cidade. Dessa forma, pôde-se empreender um estudo das relações e/ou das tensões resultantes das interações no cotidiano desses atores sociais. Compreendeu-se ainda a influência das manifestações culturais do lugar de origem, as quais parecem promover um retorno, por meio de raízes simbólicas, para reafirmar a identidade desses migrantes, tendo em vista as intenções que passaram a justificar um evento festivo – o Arraial dos Maranhenses O Maranhão é aqui! - o qual promove sociabilidades no bairro. Portanto, convém asseverar que a identidade maranhense em Roraima confirma-se na diferença, ao mesmo tempo em que influi substantivamente no contexto plural no qual estão inseridos os migrantes, considerando-se os sistemas que dão suporte às identidades contemporâneas.