Resumo:
Este estudo versa sobre uma política pública instituída em algumas praças, a partir da década de 1920, denominada Jardins de Recreio. O objetivo deste estudo foi identificar quais foram as condições para a implementação dos Jardins de Recreio, bem como a criação do Serviço de Recreação Pública, na cidade de Porto Alegre e as suas interfaces educativas no processo de constituição de um sujeito pautado por uma Educação na República. Nesse sentido, o foco de análise foi o de construir uma trajetória histórica dos Jardins de Recreio alinhavando com a vida do professor Frederico Guilherme Gaelzer. A pesquisa, de natureza qualitativa, fundamentou-se na análise documental a partir de documentos escritos (diário, leis, decretos, documentos oficiais e demais documentos impressos e manuscritos), orais (depoimentos) e iconográficos (imagens, mapas e planta), os quais foram concebidos como “monumentos”, no sentido que trata Le Goff, analisando como um produto da sociedade que o fabricou segundo as relações de forças. Partindo do referencial da História Cultural, à luz de teóricos como Roger Chartier e Michel de Certeau, a análise está estruturada em duas dimensões. Primeiro, fundamentada pela interface da Teoria Configuracional, operacionalizada a partir da obra de Norbert Elias, o estudo é conduzido no sentido de analisar as redes de interdependência de Frederico Gaelzer e a sua relação com a criação dos Jardins de Recreio e o Serviço de Recreação Pública. Em segundo, analisa as condições de instauração e funcionamento dos Jardins de Recreio em sua função educadora e seus desdobramentos com a urbanidade. Assim, foi possível compreender, através da análise dos dados empíricos, que os Jardins de Recreio, instituídos nas praças e parques públicos da cidade, constituíram-se para além de espaços de sociabilidade e lazer dos portoalegrenses. Havia uma intenção pedagógica fomentada pelas modificações urbanas, pelo discurso higienista e civilizatório deflagrados pela modernidade.