Resumo:
O estudo propõe o aprofundamento da compreensão e a articulação dos significados sociais de ser mãe e as memórias de vida tecidas por um grupo de artesãs, descendente de imigrantes italianos/as, chamado Clube de Mães Santa Rita de Cássia da cidade de Caxias do Sul – RS. Esse clube de mães desenvolve artesanato como crochê e bordado e mantém atuação comunitária, como as doações de roupas infantis às famílias de baixa renda, permitindo a interação entre as integrantes e a comunidade, o que resulta em transformações na vida das mulheres envolvidas. Objetiva-se analisar as permanências e/ou rupturas (alternativas emancipatórias) na representação do modelo madresposa das participantes ao narrarem suas histórias. Trata-se de um modelo ligado à função social da maternidade e conjugalidade destinada às mulheres. A observação participante, os grupos de discussão, as entrevisitas individuais e o questionário compuseram o caminho metodológico. Para a análise, a interpretação somou-se aos referenciais teóricos especialmente dos estudos feministas. Entre os resultados, está o interesse do poder público pela perpetuação da “bondade feminina”, ao beneficiar-se das doações realizadas pelos mais diversos Clubes de Mães espalhados pelo Brasil e deixando de responsabilizar-se pelas necessidades da população de baixa renda. Conclui-se também o processo de autonomia que as mulheres experimentam no Clube de Mães, ao se encontrarem a si mesmas uma nas outras, embora marcadas pelo modo tradicional de comportamento referido às mulheres.