Resumo:
A presente dissertação tem por objetivo compreender as práticas de leitura de famílias da elite de Porto Alegre no século XIX, a partir do estudo de caso da família Fernandes Pinheiro. José Feliciano Fernandes Pinheiro, o Visconde de São Leopoldo, foi um intelectual e político brasileiro, considerado o primeiro historiador do Rio Grande do Sul, apesar de ter nascido em Santos (RJ). A biblioteca da família, arrolada no inventário post mortem do Visconde, era composta por 754 livros. A análise baseia-se nas propostas teórico-metodológicas da Nova História Cultural e investiga as práticas de leitura e os significados da acumulação e posse de bibliotecas por parte de segmentos das elites oitocentistas, como demonstrativo de estilo de vida e forma de auto-representação. O objetivo foi compreender os usos desta biblioteca, não só no prazer imediato da leitura, mas como forma de auto-representação de indivíduos de elite. Em uma sociedade ainda fortemente calcada em noções de honra, qual o papel de um acervo bibliográfico deste volume? Desnaturalizamos este acervo bibliográfico, pensando a sua constituição como um investimento familiar não apenas dirigido a formação de um capital financeiro, mas a um capital simbólico, a uma insígnia de gosto de classe vinculado à ilustração e ao refinamento.