Resumo:
A presente dissertação de Mestrado trata da questão da justiça que é tema controverso e aberto desde os primórdios das indagações filosóficas sobre o tema. Nossos dias são marcados por contradições acerca da própria visão de homem e de sociedade, principalmente após termos vivenciado ao mesmo passo as maravilhas do avanço técnico, científico e cultural dos dois últimos séculos, também as atrocidades realizadas contra o homem ferindo os seus direitos mais fundamentais, em especial os fatos históricos do século XX, como as duas grandes guerras. Esse paradoxo entre o enaltecimento das potencialidades humanas e a própria redução utilitária da condição humana leva à busca de uma nova teoria da justiça que seja capaz de repensar o valor do humano e a sua condição natural e que a mesma não seja simplesmente uma condição instrumental e calcada nos princípios de maior satisfação para o maior número de indivíduos, próprios do utilitarismo que se impunha até o momento. O tema proposto visa situar a visão de homem, no interior do contexto da justiça, focando-se especificamente na questão do atomismo social do indivíduo, presente na teoria da justiça como equidade de John Rawls, que o entende uma parte autônoma no interior de uma doutrina contratualista, atomizada portanto, e que se dá, privilegiadamente, em sua teoria, no “momento” ahistórico da posição original. Aqui o enfoque será dado à teoria da justiça de Rawls e se pretende considerar as críticas à questão do atomismo elaboradas por Taylor, no contexto do debate atual entre liberalismo e comunitarismo.