Resumo:
Este trabalho se propõe a contribuir para o estudo da Economia Solidária (ES) ao avaliar o seu potencial enquanto alternativa para geração de trabalho e renda, e como fator de redução da pobreza e da miséria no Brasil. O cenário brasileiro apresenta expressiva redução da proporção de pessoas em condição de pobreza nos últimos dez anos. No entanto, esta redução, até o momento, é derivada principalmente de programas de transferência de renda. Desse modo, o país encontra-se ávido por uma estratégia na qual pessoas em estado de pobreza tenham, no acesso ao trabalho, a autonomia para afastar de si e de sua família as incertezas quanto aos recursos necessários para sua sobrevivência. Esta tese emprega técnicas quantitativas de análise para fazer uma avaliação dos impactos da economia solidária sobre a geração de renda entre os trabalhadores de empreendimentos econômicos solidários distribuídos no território nacional. Duas hipóteses são aventadas neste estudo: i) a atuação no EES gera um acréscimo na renda dos sócios; ii) há cenários alternativos para a ES, nos quais poderia ser reduzida a ocorrência de pobreza e pobreza extrema, pela geração de trabalho e renda. É empregada uma metodologia na qual a revisão bibliográfica abarca questões relacionadas aos indicadores de renda e pobreza dos brasileiros, fatores relevantes na geração de renda entre trabalhadores, além de descrever o panorama da economia solidária no país, incluindo seus principais traços e sentidos. Realizou-se uma pesquisa de campo para obtenção de informações junto a uma amostra de 2.895 sócios de empreendimentos solidários nas cinco regiões brasileiras. Com base nos resultados da pesquisa de campo com sócios e nos dados do II Mapeamento Nacional de Empreendimentos Econômicos Solidários, realizado pela SENAES, são elucidadas as peculiaridades e os atributos deste público. Análises comparativas foram produzidas com o objetivo de compreender as nuances entre os trabalhadores brasileiros e aqueles específicos da ES; essa etapa serviu-se dos microdados da PNAD/IBGE para descrever os trabalhadores do mercado tradicional. Um conjunto de fatores socioeconômicos, demográficos e decorrentes da racionalidade dos empreendimentos econômicos solidários é testado com o propósito de compor um modelo empírico que determina quais fatores explicam a renda dos sócios de EES. O modelo obtido por análise de regressão múltipla propicia a construção e avaliação de cenários de atuação da ES visando à observação de variadas condicionantes para a geração de renda. A equação de regressão presta-se como instrumento para o desenvolvimento de um simulador de renda para trabalhadores de empreendimentos econômicos solidários de diferentes perfis. A simulação torna exequível o reconhecimento de condições de atuação da ES que proporcionam avanços na geração de renda de seus sócios. Os resultados do estudo apontam que a ES contribui de forma significativa para a geração de renda de forma superior ao mercado de trabalho tradicional, especialmente em segmentos frequentemente desfavorecidos: mulheres, pessoas de cor não branca, trabalhadores do campo e, pessoas com baixa escolaridade. Desse modo, a ES é posta como uma alternativa efetiva para redução dos índices de pobreza e miséria no território nacional.