Resumo:
Este estudo versa sobre a construção de uma possível história do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, da cidade de Porto Alegre (RS), no período da ditadura civil-militar, a partir da memória de quatro ex-professoras que atuaram na Instituição nesse período e de documentos escritos. As memórias das ex-professoras são compreendidas sob a perspectiva de memória coletiva de Halbwachs (1990), memória e identidade de Pollak (1992) e memória de trabalho de Bosi (1995). Por meio da metodologia História Oral e da análise documental refletiu-se sobre o período estudado. As fontes produzidas são analisadas e discutidas à luz dos conceitos: tática de Certeau (1996), representações e práticas de Chartier (2002). Assim, a partir das memórias das professoras e dos documentos escritos foi possível identificar diferentes elementos relacionados à história do Colégio Júlio de Castilhos, durante o período da ditadura civil-militar, como também compreender, a partir desses elementos, os distintos aspectos relacionados às práticas do cotidiano escolar e sua relação com um contexto social de repressão política, vigente na época pesquisada. Quanto às memórias referentes ao Colégio Júlio de Castilhos constatou-se ser uma Instituição de significativa representatividade para quem lá estudou ou atuou como professor. Sobre as práticas, evidenciaram-se aspectos referentes a táticas construídas pelos professores em relação a situações impostas pelo governo ditatorial. As práticas organizavam-se através de movimentos ambientalistas, do manejo de uma aula, da seleção de conteúdos, de uma seleção diferenciada para professores. Percebe-se, que mesmo quem não reconhecia suas lutas políticas, lutou pelos seus ideais, e alguns que frequentaram o Colégio em um período tão atribulado conforme alguns relatos, pouco perceberam.