Resumo:
Fundamentada pelo campo das ciências sociais, esta tese tem como tema de investigação, a relação entre gênero e moda, através da perspectiva orientada pela mídia sobre a transgeneridade. Instigada pelo lugar da aparência construída por meio do uso de signos estéticos, a inquietude teórica é estabelecida na noção do corpo em permanente negociação com modelos estabelecidos, conforme o sexo designado ao sujeito no seu nascimento. Este estudo objetiva investigar os princípios do sistema de moda inseridos nos estudos de gênero, o qual propõe criar um panorama da inserção do corpo e sua identidade relacional a partir das experiências vestimentares, estas, orientadas pelas instâncias da cultura material. A tese também focaliza se tais sujeitos dados como masculinos e que transitam nas dimensões de gênero pela estetização pessoal através de recursos de enfeites que são convencionados ao universo das mulheres, projetam um arquétipo feminino para a sua produção visual. Para tanto, parte-se de uma pesquisa exploratória, envolvendo uma revisão bibliográfica interdisciplinar para gerar pontos de conexões entre as principais áreas dos saberes: ciências sociais, estudos de gênero, antropologia do consumo e noções da estética; associada a uma busca em campo, na qual o universo empírico é constituído por transgêneros da associação Brazilian Cross-dresser Club, bem como, por interlocutoras que identificam-se pela prática, além do resgate de relatos das que expuseram suas experiências em biografias ou em redes sociais. Por meio desta investigação, tem-se como um dos principais resultados alcançados, a validação da importância dada à linguagem visual, quando exercida sob um ângulo de observação de discurso social dado pela categoria binária de gênero. Nesse espaço de expressão e negociação com o meio, a prática de cross-dressing redimensiona os efeitos sociais já que conduzem a imagem pessoal para uma nova hierarquia dentro das dimensões políticas, em um processo constante de luta pelo reconhecimento.