Resumo:
Os Consórcios Intermunicipais de Saúde apresentam-se, para maioria dos municípios brasileiros, como ferramenta de gestão necessária ao atendimento das ações de responsabilidade desses entes federativos. Esses municípios, de forma individualizada, teriam dificuldades em atender as demandas geradas por seus residentes, uma vez que os profissionais de várias especialidades de média e alta complexidade e não disponíveis pelo Sistema Único de Saúde são insuficientes nessas localidades. Portanto, os consórcios de saúde tornam-se espaços agregadores de perspectivas de um grupo de indivíduos que trazem consigo as mais diferentes necessidades captadas no âmbito de suas comunidades. Assim, buscou-se, por meio da teoria das Representações Sociais, identificar e compreender os elementos que compõem as representações sociais dos gestores dos municípios que estão associados ao Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Oeste de Mato Grosso. Analisamos a inter-relação entre esses elementos que supostamente possibilitam a esses gestores unir seus esforços financeiros e humanos na expectativa de melhor atender aos seus munícipes. Os dados foram coletados num período de seis meses, através de entrevistas, observações de campo e análise de documentos. Participaram da pesquisa de forma direta oito (8) prefeitos, dois (2) gestores administrativos do consórcio, um (1) profissional da área da saúde contratado e uma das fundadoras do consórcio. Após análise de conteúdo, identificou-se que os gestores concebem o consórcio como um espaço de debate e disputa, portanto, bastante conflituoso. Mas, para a maioria deles, esses conflitos são necessários e legitimam as ações do consórcio. Os informantes consideram que os interesses nesse espaço social são diversos, inclusive, de caráter político-ideológico, porém, acreditam que embora esses interesses causem conflitos, o princípio democrático é respeitado e materializado nas decisões pautadas no voto da maioria. Diálogo e Igualdade são representações comuns a todos os participantes e eles as colocam como primordiais no inter-relacionamento dos que estão envolvidos direta ou indiretamente no consórcio. O consórcio é visto como um espaço de união e parceria, mas, ao mesmo tempo, divergente e espaço de conflito.