Resumo:
Este estudo descreve experiências de gestão em realidades geográficas e culturalmente muito distintas – Mangunde, em Moçambique e Scampia, na Itália – Onde os desafios do cotidiano serviram como motivação para projetos inovadores. Com o objetivo de identificar características do eu gestor, são narrados acontecimentos vividos nestes diferentes contextos, detalhando alguns dos projetos educacionais desenvolvidos. Para tal, a dissertação apoia-se basicamente em dois teóricos: Alberto Melucci, que convida a olhar o sujeito, sua experiência e a relação consigo e com o mundo na tentativa da construção identitária, e Paulo Freire, entendendo a prática educativa enquanto dimensão social sob o âmbito da intersubjetividade e da interculturalidade. A abordagem freireana, já em parte intrínseca às experiências por mim vivenciadas, agora toma novo vigor, permitindo a elaboração de reflexões mais sólidas no processo de constituição do eu gestor. Valendo-me da metáfora do mosaico, o texto vai sendo construído com diferentes matizes e formas. Entre os resultados deste processo reflexivo surgem sugestões a futuros gestores do campo educacional, como a capacidade de inserir-se nos processos para conhecê-los a fundo e, ao mesmo tempo, afastar-se deles para analisá-los com bom senso, na medida do possível sempre apoiado em parceiros intelectuais, que oferecem manancial teórico como substrato para reflexão. Envolver-se inteiramente no cotidiano de cada contexto, mas paralelamente estar atento à sedução de não ser totalmente absorvido por ele é também imprescindível. Em síntese, e retomando a metáfora: o mosaico foi – e continua sendo - construído e observado num movimento constante de aproximação e afastamento. O segredo está no ver, escutar, sonhar e agir com esperança. Quem sabe, muito mais do que verbos, constituem princípios de ação para quem assume o desafio da gestão educacional.