Resumo:
A possibilidade do ensino da ética é questão que remonta à filosofia pré-socrática e, atravessando religiões, governos e revoluções, carrega, em nossos dias, a bagagem de tantos que a pensaram, mantendo a platônica pergunta fundamentalmente intacta: “Virtude é coisa que se ensina?” Para compreender os determinantes implicados no ensino da ética aos profissionais da saúde no Brasil, sua possibilidade e exequibilidade, este trabalho partiu da investigação das Diretrizes Curriculares Nacionais para as graduações em saúde, examinando os estudos que denunciam a corrosão do caráter e a perda da sensibilidade ética dos estudantes ao longo dos cursos, bem como as principais teorias do desenvolvimento moral e das competências éticas em docentes e discentes. A Aprendizagem Baseada em Problemas é apresentada como a mais adequada metodologia para o desenvolvimento de competências em uma ética que, ao perceber-se insatisfatoriamente respondida pela deontologia e pelo utilitarismo consequencialista, encontra, na justa medida da responsabilidade defendida por Paul Ricoeur, uma via ética a ser considerada como resposta aos problemas transdisciplinares do ensino e da assistência em saúde no Brasil.