Resumo:
O trabalho traz à tona memórias de sujeitos que, nas décadas de 1950 e 1960, foram alunos e professores na escola rural pioneira em termos de educação formal de crianças no município de Capivari do Sul/RS. Através do registro de narrativas, buscou perpetuar algumas das muitas versões acerca de experiências vividas pelos sujeitos envolvidos naquele contexto escolar. A partir da História Oral, o estudo mobilizou alguns conceitos relativos à memória, enfatizando que fatos narrados não são efetivamente descritos como de fato aconteceram, já que é impossível sua plena reconstituição. O corpo do trabalho está disposto em cinco partes. A primeira busca contextualizar o cenário das narrativas; a segunda e a terceira partes abordam sobre o campo teórico, memória e história oral, explicitando também questões metodológicas da entrevista. Como quarto e o quinto capítulos articulam-se narrativas orais ao referencial teórico e metodológico, a partir de algumas categorias de análise. A investigação trouxe à tona similaridades e discrepâncias sobre os mesmos assuntos narrados, o que confirma a ideia de teóricos que tratam do tema memória: ela é matéria de eterna modificação conforme as experiências vividas, agora rememoradas por cada depoente. O trabalho com narrativas orais exige a clareza da sua não linearidade e a convicção de que a memória é sempre entrelaçada de lembranças e esquecimentos, sendo seletiva, falível e, por vezes, até fantasiosa. Deste modo, a análise de narrativas orais não dispensa o crivo e o filtro do historiador e, assim como qualquer outra fonte, exige rigor metodológico. O estudo permitiu desvelar aspectos significativos do percurso educacional do município de Capivari do Sul, destacando-se aspectos peculiares das políticas educacionais naquela localidade, bem como questões de gênero e de cultura escolar.