Resumo:
A imigração polaca para o Brasil inicia-se oficialmente no ano de 1869, porém nosso objetivo é trabalhar com os conjuntos de fontes produzidas a partir da década de 1890, marcando o início do maior deslocamento de imigrantes do Reino da Polônia para o Brasil. Percebemos que existe uma série de predicados agregados a eles pelo senso comum, que apresentam os imigrantes polacos e seus descendentes como sendo católicos profundamente piedosos e, assim, enquadrados à moral e disciplina católica. Ao mesmo tempo em que seriam vítimas de um desastroso processo imigratório brasileiro. Por sua vez, o nosso contato com filhos e netos da Colônia da Baixa Grande, originalmente situados em sua totalidade no território de Santo Antônio da Patrulha – RS, permitiu novas leituras sobre a dinâmica do cotidiano dessa comunidade até os meados da década de 1950 chegando aos dias atuais. Nosso objetivo é de perceber as percepções dos imigrantes em relação às realidades brasileiras e das oportunidades oferecidas pelo novo país, comparando com os escritos daqueles que optamos por nomear como intelectuais polacos. Destaca-se que parte significativa dos escritos clássicos produzida sobre a imigração polaca no Brasil - buscou desconsiderar o testemunho dos imigrantes e privilegiar o testemunho dos intelectuais polacos. Nos espaços da Colônia da Baixa Grande esses imigrantes e seus descendentes buscaram manter a sua identidade a partir da religião católica, percebe-se que essa opção de fé não era uma unanimidade e mesmo entre católicos existiram transgressores procurando fugir do controle e regras estabelecidas. Nesse contexto torna-se necessário dialogar com a Antropologia para poder escutar e observar as dinâmicas das organizações desses colonos em terras brasileiras.