Resumo:
A figura de Lindolfo Collor, primeiro Ministro do Trabalho brasileiro, foi interpretada em diferentes momentos por diversos intelectuais, acadêmicos ou não. Essas diferentes interpretações geraram quantidade significativa de narrativas biográficas. O objetivo deste estudo é a análise de alguns destes relatos à luz de teóricos que pensaram as possíveis relações existentes entre gênero biográfico, imagens e memória/imaginário, como por exemplo, François Dosse, Paul Ricoeur, Sabina Loriga, Jacques Le Goff, Peter Burke, etc. Seja priorizando o texto escrito, ou utilizando-se também de imagens referentes a Lindolfo Collor, tais relatos contribuíram para a construção e/ou cristalização de um tipo de imagem e de memória sobre essa personalidade histórica que - apesar de estarem divididos em diferentes perspectivas ao longo dos capítulos - segue um fio condutor. Os referidos relatos destacam, entre outros aspectos, as origens humildes do biografado, valorizando a sua experiência no jornalismo, o cargo de Ministro do Trabalho, e a posterior desavença política com Getúlio Vargas, o ostracismo e as perseguições sofridas. Essa construção de um imaginário sobre Lindolfo Collor encontrou espaço principalmente na cidade de São Leopoldo (Rio Grande do Sul), que, até os dias de hoje, destaca-se pela valorização do imigrante alemão na história política, econômica e social do município. Em âmbito maior, surgem relatos sobre Lindolfo Collor, principalmente no final da década de 1980 e início da década de 1990, coincidindo com o início da campanha presidencial de Fernando Collor de Mello – neto do biografado – e a posterior chegada do mesmo ao cargo de Presidente da República. Na década de 1990 também surge um relato em tom comemorativo sobre Lindolfo Collor que primou – muito mais do que os anteriores – por uma concatenação de textos escritos e “textos imagéticos”: fotografias, caricaturas e charges, o que, em grande medida, permitiu também a construção e a manutenção de uma imagem visual sobre o biografado, com ênfase no período em que o mesmo foi o primeiro Ministro do Trabalho do Brasil (1930-1932).