Resumo:
O presente estudo tem como principal objeto de investigação e análise o consumo das mulheres de uma fração da “alta classe” do Rio Grande do Sul como forma de obtenção de prestígio e conseqüente fornecedor de símbolos de distinção. A tese parte da hipótese de que o consumo distintivo das mulheres pertencentes a uma fração da “alta classe” gaúcha é, em sua maioria, de bens imateriais que, agregados ao estilo de vida, incorporam um capital social e cultural inimitável, e não de bens conspícuos ou de luxo. A pesquisa compreendeu trabalho de campo, com a aplicação de questionários a 32 (trinta e duas mulheres) de uma fração da “alta classe” gaúcha, e após 6 (seis) entrevistas em profundidade, a fim de identificar quais os bens constituem veículos de interação e proporcionam fatores ou indicadores de distinção social, de que forma é realizada a escolha e classificação destes bens de consumo em detrimento de outros. Apresenta inicialmente o referencial teórico-metodológico para o desenvolvimento do estudo, conceitos como os de luxo, habitus de classe e de gosto articulando às estratégias da obtenção do prestígio e da distinção social. Em um segundo momento, o estudo traz uma análise do processo de acumulação de riqueza da “alta classe” rural gaúcha e suas transformações diante do processo de industrialização que fez emergir uma nova “alta classe”. Ainda neste capítulo problematizamos o discurso do senso comum e difundido pela mídia em relação ao consumo da “alta classe” a partir da exposição dos dados obtidos na pesquisa de campo. O estudo permitiu-nos concluir que o consumo de bens imateriais ou simbólicos é a principal estratégia de distinção social das mulheres da “alta classe” gaúcha, e que o padrão de consumo material que no discurso do senso comum, seria distintivo, a investigação demonstrou que para o grupo estudado não é elemento forte.