Resumo:
Na presente tese, discutimos o cotidiano do indivíduo urbano e a trajetória das políticas públicas nas pequenas cidades do Oeste de Santa Catarina, a fim de compreender como essas políticas públicas urbanas são implantadas a partir da resistência e estratégias utilizadas pelos indivíduos na vida cotidiana. As análises bibliográficas subsidiaram o entendimento e a compreensão das relações entre políticas públicas e o cotidiano do indivíduo urbano. Com base em fontes primárias, como história oral de habitantes das cidades em estudo, observamos a vida cotidiana e as estratégias utilizadas para alcançar determinados objetivos individuais ou coletivos. Nesse aspecto, partimos do pressuposto de que o indivíduo é um ser de projetos e para alcançar determinados objetivos, cria estratégias para esse fim. A dimensão projetiva é motivacional e entre diversos fatores que a envolvem, os principais são valores, sentimentos ou até mesmo aventuras. A dicotomia entre público e privado é, por diversas vezes, manifesto em um sistema de percepções espontâneas como se fosse um contrato organizador da vida cotidiana. Assim, por meio de análises sociológicas, destacamos a dicotomia e a ambiguidade público/privado em seus múltiplos critérios de análises. Observamos que as estratégias e a resistência de sobrevivência cotidiana do indivíduo urbano e a promoção de políticas públicas é a tentativa de dar sentido à própria vida. Essa autonomia de criar e organizar estratégias para alcançar determinado fim, está em sua motivação íntima e é a própria liberdade do ser. Essa liberdade que o torna individualizante também é provocada pelo processo de globalização tecnológica, que aumenta os limites e as possibilidades do homem. Nesse cenário, as cidades estão sendo orientadas para o mercado mundial e moldadas a partir de valores culturais mundiais. Dessa forma, as pequenas cidades são colocadas nas mesmas vitrines que as médias e grandes cidades, ou seja, as políticas adotadas nas pequenas cidades são as mesmas políticas dos grandes centros urbanos. Isso demonstra que nos estudos sobre cidades, as análises dos dados das médias e grandes podem ser estendidas às pequenas cidades. Portanto, ao diferenciar pequenas e grandes cidades, é preciso observar as relações sociais e culturais no espaço vivido, bem como a interferência na racionalidade do indivíduo. Somente assim, é possível notar o desenvolvimento da cultura objetiva em relação à cultura subjetiva.