Resumo:
O presente trabalho tem por objetivo investigar a proposta político-humanizadora contida na obra Filosofía de la realidad histórica (1990) de Ignacio Ellacuría. Ellacuría, em sua obra Filosofia de la realidad histórica, tem uma compreensão particular da filosofia da história, que se diferencia das concepções de história dos filósofos da modernidade sem, no entanto, deixar de estabelecer um questionamento e apresentar uma saída (Ausgang) ao Idealismo alemão, assumindo um processo de conscientização da transformação da realidade histórica. É justamente essa compreensão de história diferenciada que nos permite acreditar que é possível conduzir o processo histórico a instâncias cada vez mais humanizadoras. A tese está dividida em quatro capítulos. O primeiro aborda o tema da constituição do objeto da filosofia em Ellacuría. O intento é de analisarmos o diálogo que este filósofo se propõe a estabelecer com Hegel, Marx e Zubiri. É justamente do diálogo com estes autores que Ellacuría apresentará a realidade histórica como objeto do seu filosofar. No segundo capítulo buscaremos estabelecer os componentes básicos que constituem a realidade histórica, a saber: a materialidade, o social, o pessoal e a temporalidade. No terceiro capítulo, pretendemos apresentar que há uma compreensão de história em Ellacuría distinta da modernidade. A realidade histórica integralmente considerada tem um caráter de práxis. Podemos afirmar assim, que a práxis é o lugar por excelência do encontro entre homem e mundo possibilitando assim o surgimento do novum. No quarto e último capítulo, abordaremos a proposta utópica de Ellacuría. Um outro mundo é possível e necessário. A tese central da Filosofia da realidade histórica de Ellacuría é, justamente, que a realidade e a verdade têm que fazer-se e descobrir-se na complexidade coletiva e sucessiva da história, portanto, é a história o cenário perfeito para o aparecimento de um outro mundo possível e necessário, fruto de uma práxis utópica, política, ética e dos direitos humanos.