Resumo:
Permeando o vasto campo que envolve as infâncias e suas multiplicidades/especificidades, buscou-se configurar/desfigurar esse universo, a fim de propor novos olhares. Nesse caminho, formulou-se o conceito de "território pedagógico", com o objetivo de analisar e compreender como tal concepção e os fatores que a circulam/influenciam podem contribuir na constituição da profissionalidade docente do professor de Educação Infantil. A pesquisa foi realizada em uma Escola Municipal de Educação Infantil do município de Taquara/RS. Investiu-se na compreensão das concepções de infância/tempo e espaço dos docentes, bem como nos percursos formativos trilhados pelas cinco interlocutoras do estudo. Os argumentos construídos constituíram-se a partir de pesquisas bibliográficas sobre as concepções e conceitos que subsidiaram o estudo e de opções metodológicas de cunho qualitativo, as quais envolveram, como recursos metodológicos, observações, fotografias e reuniões de grupos focais. A pesquisa fundamentou-se em: Barbosa (1998, 2000, 2006, 2010), Frabboni (1998), Horn (1998, 2003, 2013), Narodowski (2001), Oliveira (2002) entre outros autores e legislações que subsidiam o pensar a infância e a educação infantil. Também se recorreu a autores clássicos da pedagogia que contribuíram com concepções sobre o processo de ensino e aprendizagem e a organização dos espaços para a infância, como: Froebel, Montessori, Freinet, Vygotsky e Wallon. Com relação aos conceitos de espaço e território, buscou-se sustentação em Forneiro (1998), Haesbaert (2004), Neto (2000, 2008) e Souza (2001). Também se recorreu a autores que se dedicam a pesquisar a formação docente e a constituição da profissionalidade, como Freire e Shor (1986), Nóvoa (1991, 2011), Pereira (1996), Sacristán (1991), Tardif (2002, 2005) e a profissionalidade docente na infância Formosinho (2002). O estudo evidenciou concepções de crianças enquanto protagonistas do processo de aprendizagem na escola infantil. Constatou-se que o espaço precisa possibilitar a livre escolha e o fácil acesso dos alunos aos materiais e brinquedos que compõem a sala de aula, sendo constante a sua (re)organização em função das próprias crianças e de seus interesses, que também estão em constante mudança. Com relação ao tempo, detectou-se que ele necessita ser vivido, ou seja, representar um "cotidiano" de possibilidades. Destacaram-se, ainda, tensionamentos vividos pelos docentes neste percurso. A profissionalidade do educador de infância passa a ser entendida como contínua, como uma caminhada, uma formação ao longo da vida pessoal e profissional. Nesse processo, constatou-se as dimensões física, funcional, relacional e temporal e, ainda, indicadores como a docência compartilhada, o olhar e a atuação da coordenação pedagógica e fatores relacionais como crescimento, organização e reorganização do arranjo espacial e participação dos pais, que tornam o "território pedagógico" um elemento capaz de constituir a profissionalidade docente na primeira etapa da educação básica.