Resumo:
Este estudo dedica-se a conhecer o Movimento de Mulheres Camponesas do Rio Grande do Sul. Trata-se de refletir o processo de articulação dessas mulheres, observando sua inserção nos espaços sociopolíticos, econômicos e culturais, a fim de depreender como se dão suas relações sociais, que se encontra em permanente transformação no âmbito da estrutura familiar e das intervenções dos meios de produção agrícola. Por meio de narrativas sobre a trajetória do movimento, busca-se revelar como as camponesas projetam suas demandas, articulam suas lutas e problematizam a pluralidade de fenômenos que as cercam e que as mantêm perseverantes nestes vinte anos de existência. Para tanto, principia-se com uma leitura sobre os movimentos sociais na América Latina e no Brasil, discutindo o campesinato e o proletariado rural e abordando o papel do camponês e sua relação com a terra. Fazendo o uso da história oral, considera-se os aspectos sobre a participação das mulheres nos movimentos sociais rurais, suas lutas e seu protagonismo e conclui-se com uma análise a respeito da produção de invisibilidade, do protagonismo e da busca pela superação das mulheres do MMC/RS, neste último século. Utiliza como marco de fundamentação teóricometodológica a perspectiva crítico-dialética, que emprega o recurso de memória histórica do MMC/RS, obtida pelo uso do método de história oral, por meio de entrevistas, depoimentos e análise de arquivo documental. Com base nesses elementos, tornou-se possível ter uma melhor compreensão do processo de constituição do MMC/RS, de sua metamorfose histórica, e de suas interrelações e articulações com outros movimentos sociais do campo, bem como a construção do protagonismo dessas mulheres. Discute como categorias teórico-analíticas a invisibilidade e as questões de gênero e poder (patriarcado). Por isso, ao analisar a trajetória dessas mulheres, considerou-se como referencial teórico as transformações das relações de dominação sociopolíticas e econômicas, de gênero, de trabalho e familiar do grupo. Assim, refletir sobre essas mulheres camponesas é admitir que, no Brasil e na América Latina, a construção de suas conquistas ainda não está plena, mas é concreta em alguns aspectos, no âmbito do protagonismo social.