Resumo:
A partir do legado filosófico de Søren Kierkegaard e de Jacques Derrida, busca-se no presente trabalho examinar as possíveis perspectivas de discussão que, com eles e a partir deles, podem ser conferidas à questão da justiça. Neste desiderato, inicialmente são trazidos à análise alguns dos principais temas por eles explorados, tais como angústia, repetição, instante, decisão e fé, em relação a Kierkegaard, e différance, dom, responsabilidade e segredo, em relação a Derrida. Paralelamente ao desenvolvimento destes temas, são eles relacionados, entre si e também na forma como eles se entrecruzam nas reflexões de Kierkegaard e de Derrida, bem como com as reflexões de outros filósofos, tais como Lévinas, Heidegger, Hegel, Montaigne, Pascal e Rousseau. Uma vez desenvolvidos estes entrecruzamentos e assentados, então, os balizadores entendidos necessários, apontam-se as possibilidades que, tanto em Kierkegaard, quanto em Derrida, anunciam-se como suficientemente coerentes para o endereçamento de uma discussão profícua da questão da justiça, ou, como se anuncia no título, da justiça da justiça.