Resumo:
Esta pesquisa visa problematizar e compreender as relações entre todos os envolvidos com as crianças de uma Casa Abrigo Institucional – CAI. Busca-se analisar as possibilidades e limites do processo educativo na atuação dos cuidadores e cuidadoras das crianças e adolescentes, sobretudo, nas relações de conflitos nesse espaço institucional. A metodologia trabalhada embasa-se na Pesquisa Participante/ Pesquisa-Ação e nos círculos de cultura de Paulo Freire (BRANDÃO & STRECK, 2006; FREIRE, 1978, 1980; THIOLLENT, 2011). O suporte teórico ancora-se em Milton Santos, Paulo Freire, Irma e Irene Rizzini, destacando a compreensão do espaço institucional na relação dialética com o espaço social mais amplo. Neste sentido, a confluência de manifestações de conflitos na CAI é parte da complexa trama de relações contraditórias da sociedade. Concluiu-se que há um conhecimento limitado das políticas públicas voltadas a essas crianças por parte dos profissionais que trabalham na CAI. Além disso, as atividades de caráter socioeducativo tendem a reproduzir ações assistenciais pontuais: respostas imediatistas e de curto prazo, sem eficácia duradoura. Percebeu-se também que as relações de convivência entre os sujeitos da CAI aprofundam ainda mais os conflitos quando assumem posturas não dialógicas. O adulto é tido como aquele que manda, que ordena, que defende seu poder na relação com o outro, e que vai entender a contrariedade como um confronto a sua autoridade. Com base na análise, puderamse perceber fatores que desencadeiam práticas contraditórias que propõem uma educação para a autonomia, mas que, em muitos casos, são geradoras de silenciamentos. Ficou evidenciado que as relações de silenciamento estão intimamente ligadas às de conflito. Uma possível, viável e efetiva alternativa para romper com esse ciclo poderia ser a formação continuada com todos os sujeitos trabalhadores da CAI.