Resumo:
O trabalho tem por objetivo analisar como a história da imigração para a Argentina foi construída e representada no Museo Nacional de la Inmigración de Buenos Aires. Inicialmente, estudamos as razões que levaram a Dirección Nacional de Migraciones (DNM), dependente do Ministério do Interior argentino, a criar o Museu em sua sede. Lugar histórico que simboliza a chegada dos imigrantes no país, o edifício do antigo Hotel de Imigrantes foi declarado Patrimônio Histórico Nacional em 1990 e, durante a década de 2000, foi transformado em Museu da Imigração. A partir da análise da exposição apresentada no Museu, observamos dois discursos principais: o primeiro, e mais aparente deles, deu destaque ao papel do Estado argentino pelas políticas migratórias que sustentou e, em especial, pela própria construção do Hotel de Imigrantes e pelos serviços a eles oferecidos; já o segundo discurso identificado na exposição tratou da história daqueles que imigraram para o país, valorizando a sua participação na construção da Argentina moderna. Com base na historiografia produzida sobre a imigração no país, entendemos que ambos os discursos terminam por legitimar o questionado mito do “crisol de raças” na Argentina, mas que ainda parece fazer parte da imagem do passado construída por sua sociedade, conformando a “memória forte” da imigração no país. Finalmente, o estudo das mensagens registradas pelo público no Libro de Visitas da instituição confirmou os discursos identificados na exposição museológica. Dentre os temas que apareceram nas mensagens, ficou patente uma ênfase dada pelos visitantes ao Estado argentino (ou ao organismo DNM) pela construção do Hotel, pela recepção aos imigrantes e, atualmente, pela preservação de sua memória e de seu patrimônio; ao passo que também ficou evidenciado um agradecimento aos imigrantes, cuja “força” e “esperança” contribuíram com o desenvolvimento do país.