Resumo:
Esta tese aborda a trajetória histórica da formação arquivística no Ceará, com a instituição do Arquivo da Secretaria do Governo da Província do Ceará (1835) e com a criação do Arquivo Público do Estado do Ceará (1932). Analiso as práticas de acumulação documentária e as operações de arquivamentos impetrados pelos presidentes de província e experimentados pelos empregados públicos que trabalhavam na Secretaria e/ou no Arquivo do governo provincial. Ou seja, o sistema de funcionamento desse tipo de Arquivo diante da necessidade em significar, através da teoria arquivística, da diplomática e do direito público, o documento de arquivo como prova e testemunho dos processos de governabilidade do Império brasileiro, incluindo as ações de recolhimento de documentos na província do Ceará pelo Arquivo Público do Império (1838), e dos fazeres políticos do poder Executivo da Corte no Rio de Janeiro e da Província do Ceará. Estabelecendo, para tanto, intenso diálogo com as orientações históricas, políticas e arquivísticas de Eusébio de Sousa (1883-1947), diretor do Arquivo Público do Estado do Ceará entre 1932-1942, destacadamente os feitos e os rumos que dataram e legalizaram a tradição arquivística e o Arquivo no Ceará a partir de 1932, sob influência dos estudos históricos do Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará (1887) e dos paradigmas que regiam os Arquivos Públicos no século XX enquanto “lugar” da memória e do documento histórico. O referencial teórico desse trabalho está pautado em obras e conceitos da história social da memória e da história cultural, especialmente, nos vínculos de significância entre a operação histórica e a memória arquivística no estabelecimento da relação entre a história, o arquivo e o documento. As fontes pesquisadas foram, em maioria, fundos documentais do e sobre o Arquivo Público, Relatórios de Presidentes de Província e Legislação Provincial e do Estado do Ceará.