Resumo:
A presente tese busca analisar as experiências da educadora baiana Leolinda Daltro (c.1859-1935) como catequista entre os povos indígenas do Brasil central - região entre os rios Araguaia e Tocantins - e sua trajetória como mediadora e feminista, após o regresso ao Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para o XX. Em decorrência desta percepção, optamos por, efetivamente, conceder relevo às repercussões da experiência de missão de Leolinda e sua articulação com uma ampla rede de personagens (ilustres ou não) da sociedade regional e nacional. Por esta proposição, situaremos aqui a memória individual da protagonista entendida como uma das práticas culturais dos registros de uma "produção de si". Leolinda, com certeza, sentiu, pensou e viveu experiências simultâneas e, por vezes, díspares - entre a sua atuação política em defesa da causa indígena e da emancipação da mulher -, que a colocaram como uma testemunha de tempos e espaços múltiplos nos anos que sucederam à instauração da República. Em relação a sua trajetória, esclarecemos que, após abordarmos sua atuação pela causa indígena, iremos nos deter também, mesmo que não de forma aprofundada, na fase inicial de sua atuação no Rio de Janeiro. Atuação que é tida como decisiva para alavancar o longo percurso do movimento pela emancipação feminina, especialmente, na luta pela igualdade política entre homens e mulheres e pelo pleno exercício da cidadania.