Resumo:
Entre 1875 e 1914 dirigiram-se para as colônias italianas do Rio Grande do Sul mais de 80 mil imigrantes italianos. Aproximadamente 7% destes imigrantes italianos vieram da região do Trentino Alto-Ádige que naquela época pertencia ao Império Austro-húngaro apesar da população ser de língua italiana. Estes imigrantes entravam no Brasil como austríacos e mantinham uma identidade diferenciada dos demais italianos. O presente trabalho pretende mostrar como os trentinos mantiveram a sua identidade nas colônias italianas, onde se instalaram em travessões próximos uns dos outros, através dos casamentos dentro do grupo trentino e de rixas com os demais italianos. Os trentinos mantinham a fidelidade ao imperador da Áustria, Francisco José, e uma certa aversão à Itália e aos italianos devido à posição da Igreja Católica, a qual condenava o Reino da Itália por causa da tomada da cidade de Roma pelo exército italiano em 1871 devido à Unificação Italiana. Trataremos especialmente das relações dos trentinos com os demais italianos focando nos conflitos entre os dois grupos nas colônias Caxias, Conde d`Eu e Dona Isabel localizadas na serra nordeste do Rio Grande do Sul. Utilizaremos fontes primárias, depoimentos orais de descendentes de imigrantes trentinos e jornais brasileiros escritos em língua italiana que foram editados durante o período da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) quando a Áustria e a Itália lutaram em lados opostos e desta forma acirrando as rivalidades entre italianos e trentinos na Região Colonial italiana do Rio Grande do Sul.