Resumo:
Este trabalho visa apresentar e avaliar as diferentes teorias sobre o processo perceptivo, a fim de defender que a percepção é um processo objetivo, categórico e não conceitual. A ideia é, juntamente com a posição adotada por Tyler Burge,assegurar que a percepção é um processo representacional no qual a experiência perceptual consiste na apreensão direta dos dados sensoriais, os quais servem de base para a construção das representações perceptuais. As representações perceptuais são concebidas como proxytypes, que servem como o conteúdo não conceitual da percepção e correspondem ao mundo externo. Estes representam os objetos e os estados de coisas do mundo devido a uma semelhança entre as propriedades dos objetos e as propriedades sensoriais representadas pelos indivíduos. Os objetos e as suas propriedades são, então, representados a partir da integração das informações sensoriais pelo mecanismo da percepção categórica, o qual é responsável pela discriminação e identificação dessas informações em categorias perceptuais independentes de estruturas conceituais. Desse modo, propomos que a percepção é objetiva por dois motivos: (a) porque ela é um processo que pressupõe como verdadeiro um realismo frente ao mundo físico e nos permite acessar e conhecer os objetos dispostos no mundo de modo objetivo, e (b) por ser um processo que é alcançado tanto por animais humanos quanto não humanos. Ela é um processo categórico porque ela admite que as informações sensoriais são categorizadas em representações perceptuais durante a própria experiência perceptiva, função esta realizada pela percepção categórica. Ao mesmo tempo, ela é não conceitual, uma vez que qualquer criatura, dotada de um sistema sensorial e nervoso, é capaz de perceber o mundo mesmo quando ela não possui um conceito para descrever dado conteúdo ou ainda não possua a capacidade de se referir a ele demonstrativamente.