Resumo:
A dissertação tem por objetivo problematizar como os surdos narram a si próprios na relação escola e comunidade surda, considerando formas surdas de ser no presente. O material de pesquisa analisado é composto por 15 teses de doutorado e dissertações de mestrado escritas por surdos, que, ao falarem de si, chamam em suas narrativas o espaço da escola e da comunidade surda. Servindo-se dos estudos pós-estruturalistas e dos estudos surdos, a dissertação examina as verdades que circulam nos discursos surdos sobre a escola e a comunidade surda, que são: a comunidade surda é o lugar de vida e onde se forjam as identidades surdas; a comunidade surda traduz um espaço surdo, seguro e tranquilo para se viver; e, por fim, a comunidade surda e a escola de surdos são espaços de tradução cultural surda que imprimem na alma surda uma forma de reivindicar permanentemente seus direitos. A partir das análises foi possível concluir que: a) os surdos, em sua maioria, têm o primeiro contato com
seus pares no espaço escolar; b) com o deslocamento da norma ouvinte para a norma surda, a escola e a comunidade surda se configuram de outras formas, estando em permanente sensação de crise; c) com a noção da norma surda, a cultura e a diferença surda, assim como a comunidade, são invenções possibilitadas pelo nosso tempo d) a escola de surdos e a comunidade surda, embora sejam espaços marcados por uma forma de vida que é moderna, na busca por um coletivo, pela segurança, convivem com os impasses contemporâneos, causando fissuras nas formas de ser surdo; e) as formas de vida vivenciadas pelos surdos na escola e em comunidade não são tão tranquilas e seguras, isso porque, na atualidade, as fronteiras tornam-se cada vez mais borradas e o risco da inclusão passa a tensionar a vida em comunidade.