Resumo:
Nesta pesquisa estudou-se a formação profissional dos afro-brasileiros e as possibilidades de inclusão social a partir de suas narrativas. Foi desenvolvida com alunos afro-brasileiros dos cursos técnicos da Escola Técnica Estadual do município de Sinop-MT, por ser um espaço com significativa representação de afro-brasileiros entre os matriculados, porém, com alto índice de desistência e aproveitamento desigual quando comparados aos demais alunos. A formação profissional é entendida como uma construção ao longo da trajetória de vida, fundamentado nos estudos de Claude Dubar em que as identidades sociais e profissionais se constituem do processo dual das relações sociais e da trajetória de vida. Para as narrativas, considera-se a definição de Stuart Hall, em que as identidades e a inclusão social surgem do seu imaginário e da leitura que faz de sua trajetória de vida. E a formação profissional de afro-brasileiros segue a ideia dos estudos de Carlos Hasenbalg em que o racismo é determinante da posição dos afro-brasileiros no mercado do trabalho e de sua condição socioeconômica. Assim, a pesquisa está organizada a partir de três eixos teóricos: o preconceito e discriminação no contexto social dos afro-brasileiros; dimensões de inclusão social e o mundo do trabalho; e identidades sociais e profissionais na formação profissional. Com o recurso de entrevistas semiestruturadas desenvolvidas com onze afro-brasileiros, nas quais foram motivados a falar dos aspectos que consideram relevantes para sua formação profissional, trazendo os espaços da família, da escola, da comunidade, do trabalho e outros, surgem as narrativas das quais obtevem-se as três categorias de análise: ser afro-brasileiro; espaços de formação profissional; e perspectivas e possibilidades de inclusão social. As análises das narrativas mostram que a formação profissional desses alunos tem uma significativa influência de sua condição de ser afro-brasileiro, e a Educação Profissional está definida como um espaço de obtenção de conhecimentos, representando mais a ideia de inclusão social do que de profissionalização.