Resumo:
Como nos informa a lógica formal, cálculo e algoritmo são dois lados da mesma moeda, pois ambos consistem em funções recursivas. Isso significa que tanto a linguagem cognitiva dominante (a representação matemática do mundo), quanto a linguagem performativa dominante (os processos governados por regras formais) estão baseadas numa mesma lógica. Utilizamos a lógica do cálculo não somente quando lidamos com números, mas também quando estamos envolvidos em um esquema burocrático ou quando executamos as centenas de cliques que nos são impostos pela lógica dos computadores, dos telefones, dos controles remotos, etc. Com base nessa descoberta, que coloca a equivalência lógica entre cálculo e algoritmo, a Tese se propõe dois objetivos: (1) esboçar uma unificação teórica dos principais fenômenos ligados à racionalidade moderna (ciência, mercado, burocracia e, na alta modernidade, consumismo e comunicação mediada por computadores); (2) investigar os efeitos desses fenômenos sobre a integração (desagregação) social. O resultado da investigação é que a cultura do cálculo, embora distancie fisicamente os sujeitos, outorga meios de integração nesse plano distanciado. Contudo, essa própria cultura, quando tende a classificar formalmente as entidades sociais, para submetê-la a processos de cálculo, gera, invariavelmente, desagregação.