Resumo:
A ascensão do Barão do Rio Branco ao cargo de chanceler, em 1902, determinou uma mudança de rumos para a política externa brasileira. Ao pôr em prática um projeto de recuperação do prestígio nacional, Rio Branco solucionou litígios fronteiriços e fez uso da amizade com os Estados Unidos para ampliar a influência do Brasil na América do Sul. O objetivo do presente trabalho foi analisar como o Brasil e sua política externa foram representados por setores da imprensa e por diplomatas da Argentina e dos Estados Unidos ao longo dos dez anos da gestão de Rio Branco. Na Argentina, os jornais La Nación, La Prensa, El País, El Diario, La Razón e El Sarmiento e a Revista de Derecho, Historia y Letras foram consultados. Em relação à visão dos Estados Unidos, foram consultados os arquivos online de The New York Times, os discursos de Elihu Root por ocasião de sua viagem ao Brasil, em 1906, e a obra do jurista e diplomata John Basset Moore. A análise comparativa dessas fontes permitiu constatar que, na Argentina, setor expressivo da imprensa apresentava o Brasil como uma ameaça a ser contida, criticando a atuação internacional brasileira, enquanto na leitura norte-americana o Brasil era representado como um aliado importante e um país relativamente estável no contexto latino-americano.