Resumo:
Esta dissertação se detém na análise da dinâmica das relações de poder que caracterizaram a Monarquia portuguesa no contexto da Restauração ocorrida em 1640. Pretende-se perceber até que ponto a condução da res publica e as relações de poder mantidas entre o Rei - a cabeça do corpo político português - e seus súditos - dentro e fora do Reino - estiveram de acordo com as premissas teológicas e filosóficas que fundamentavam e legitimavam o pensamento político católico e cuja inteligibilidade era garantida pelas preceptivas retóricas que ordenavam o discurso político português seiscentista. Para tanto, analisamos três textos que se ocuparam de questões políticas dos Seiscentos, debruçando-se, especialmente, sobre a articulação entre práxis e discurso político: a carta escrita pelo Padre Antônio Vieira ao Bispo do Japão, intitulada Esperanças de Portugal, Quinto Império do Mundo, primeira e segunda vida de el-rei D. João o quarto, escritas por Gonçaliannes Bandarra,de 1659; a História do Futuro - Livro Anteprimeiro, do mesmo autor, de 1667, e, ainda, Arte de Furtar, de autoria do Padre Manuel da Costa, de 1652.