Resumo:
O presente trabalho constitui-se em um estudo sobre a emergência, visibilidade e operação de técnicas de vida que ordenam e possibilitam a agência dos atores sociais nas relações que produzem as políticas culturais em cidades turísticas brasileiras. Nesse sentido, investiga a situação dos projetos culturais atrelados às mudanças institucionais pelas quais passam as políticas públicas de cultura no Brasil e como os agentes culturais, no âmbito de suas trajetórias individuais e possibilidades coletivas, agenciam recursos e negociam a elaboração e a implementação dos projetos. A partir de uma análise situacional, verificouse que essas técnicas se tornam condição à ação dos atores e à formulação de projeções, uma vez que estabelecem determinantes aos agenciamentos de recursos, constituindo modelos em cenários sócio-históricos de pluralização dessas ações. Descreveu-se, pois, que agenciamentos culturais de Estado, agenciamentos individuais e agenciamentos sócioformativos seriam modelos da operatividade dessas técnicas nas políticas culturais estudadas. Observou-se, por fim, que o contexto de fragilização dos dispositivos institucionais desafia as políticas culturais de nosso tempo ao proporcionar a irradiação de múltiplos agenciamentos culturais, uma vez que, paradoxalmente, por um lado, constrói um campo concorrencial entre projetos e atores culturais em busca de diversos recursos, mas, por outro, permite a reconfiguração de modelos valorativos voltados para a reconstrução dos sentidos sociais nas mesmas políticas.