Resumo:
O estudo apresentado nessa dissertação objetivou compreender, por meio dos discursos dos discentes, os processos de subjetivação dos estudantes, ditos em condição de vulnerabilidade social, em um contexto de produção de sentidos e significados, relacionados às políticas de assistência estudantil entre 2009 e 2013; examinar se há relação entre os benefícios das políticas de apoio e a permanência dos bolsistas de Iniciação ao Trabalho no percurso escolar; entender como se constituem esses sujeitos em meio às relações de poder que os atravessam; e analisar como os estudantes vivenciam o espaço escolar a partir de seu lugar na condição de bolsista. Como pano de fundo dessa análise, foi escolhida a política de assistência estudantil do Instituto Federal do Piauí - Campus Teresina Central, entendida com base no Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). O material empírico foi reunido por meio da aplicação de questionários e, posteriormente, entrevistas gravadas e transcritas com estudantes inseridos no Programa de Bolsas de Iniciação ao Trabalho, assim como servidores do Instituto Federal do Piauí - Teresina Campus Central, no recorte temporal 2009/2013. A investigação mostra aproximações com o campo da História Cultural, por meio de teóricos como Jacques Le Goff e Peter Burke, e, ainda, inspira-se no pensamento de Michel Foucault. A análise do material de pesquisa permitiu inferir que: a) As políticas de assistência relacionam-se diretamente com a permanência dos alunos na escola, porém não são o fator preponderante; b) Os estudantes bolsistas vivenciam o espaço escolar como prolongamento de suas casas, como local de trabalho, estudo, e alguns passam mais tempo na escola do que com suas famílias; c) As relações de poder são assimétricas e baseadas na disciplina, na hierarquia e na separação; d) No decorrer do processo de análise das narrativas dos bolsistas, percebe-se que há um tensionamento entre o discurso oficial e o discurso dos discentes.