Resumo:
Este estudo problematiza e analisa os impactos do Programa Primeira Infância Melhor nos modos de viver e de pensar das famílias atendidas. Desenvolvido pela Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul em parceria com Prefeituras Municipais do Estado, o PIM trabalha com famílias em situação de vulnerabilidade social, que tenham gestantes e crianças de até seis anos de idade. A presente pesquisa analisa as representações sociais veiculadas nesses espaços, buscando responder às seguintes questões: Quais as representações de infância para as famílias atendidas pelo PIM no município de Santo Antônio da Patrulha? As famílias, a partir das orientações e do acompanhamento recebidos, modificam a maneira de lidar com suas crianças, de interagir com estas e de se comunicar? Quais as representações do PIM para as famílias? O caminho investigativo traçado desenvolveu-se a partir de dados coletados em entrevistas semiestruturadas com seis famílias atendidas pelo Programa e três Visitadoras, responsáveis por este acompanhamento. O referencial teórico centra-se nos conceitos de representações sociais de Serge Moscovici, de habitus de Pierre Bourdieu e de mediação, de Lev Vygotsky. Os resultados da investigação revelaram que o Programa é representado, para as famílias, como apoio, informação, cuidado, estimulação, vínculo e brincadeira. Revelou também mudanças nas representações de infância dessas famílias que, a partir do PIM, passam a valorizar mais o vínculo e a brincadeira. Foram observadas, ainda, mudanças nas representações do papel de mãe, como o fato de estas passarem a considerar a importância do tempo com a criança em detrimento da organização da casa.