Resumo:
O objetivo deste estudo foi investigar e analisar os sentidos atribuídos pelos professores de Cursos Superiores de Tecnologia à noção de competência, bem como os possíveis efeitos da noção (assumida por esses cursos no contexto pós-reforma da educação profissional) sobre as práticas desses mesmos professores. A amostra estudada envolveu oito professores que atuam na Educação Profissional, especificamente em Cursos Superiores de Tecnologia, em uma Instituição do Sistema S- Faculdade de Tecnologia-SENACRS, e que ao longo de suas trajetórias profissionais acompanharam a Reforma da Educação Profissional. Os critérios de escolha da Instituição e dos docentes foram determinados. A pesquisa se fundamentou numa abordagem qualitativa e apoiou-se em Minayo (2002). O instrumento para coleta de dados foi um questionário fechado, organizado em dois eixos temáticos que continham questões sobre a percepção da noção de competência pelos docentes; as implicações da noção de competência nas práticas pedagógicas dos docentes. Para tanto, foi realizada inicialmente uma pesquisa bibliográfica com autores que tratam da concepção de competência, sua origem, seus diferentes modos de interpretação, assim como sua apropriação nas diversas áreas, entre Kuenzer (2002), Ramos (2002); Deluiz (2001), Zarafian (2003) que apontaram para a ressignificação da noção de competência profissional, considerando-a para além do desempenho profissional, contrapondo-se ao que está posto nos documentos legais que regulamentam os dispositivos referentes à educação profissional na LDB 9394/96, como o Decreto Federal n° 2.208/97 e Decreto nº 5.154/2004. No processo de análise em que foram interpretadas e confrontadas as falas dos sujeitos-participantes com o referencial deste campo teórico e com os documentos legais, foi possível identificar, a partir dos eixos estabelecidos, nesta investigação, que os docentes exercem suas práticas pedagógicas no processo educativo influenciados pela noção de competência assumida por estes, pelos Cursos Superiores de Tecnologia e pela Instituição de Ensino Superior. E, também, evidenciou-se que noção de competência assumida por estes docentes se aproxima, conforme Deluiz (2004, 2001a), Ramos (2005, 2004, 2002), com a noção de competência conceitualmente de visão construtivista que é semelhante à noção abordada nos documentos oficiais do MEC. Esta visão compreende as competências, enquanto ações e operações mentais que articulamos conhecimentos (o saber, as informações articuladas operatoriamente, as habilidades, ou seja, saber-fazer elaborado cognitivamente e sócio-afetivamente) e os valores e as atitudes (o saber ser, as predisposições para decisões e ações construídas a partir de referenciais estéticos, políticos e éticos) que são constituídos de forma articulada e mobilizados em relações profissionais, com padrões de qualidade requeridos normal ou distintivamente das produções de uma área profissional, rementendo-se mais a um comportamento do que aos aspectos cognitivos que orientam a realização das atividades, aproximando-se do condutivismo. Os resultados obtidos indicam a necessidade de se retomar e esgotar as discussões acerca da noção de competência e as implicações que dela decorrem nas práticas cotidianas da docência.