Resumo:
A economia adquire diferentes formas e conceitos ao longo da história. Em termos conceituais, o predomínio de uma abordagem formalista que define a economia em sua dimensão mercantil capitalista vem sendo disputado com a abordagem substantivista, que preconiza a integração entre as múltiplas dimensões da vida societária. Essas concepções foram apropriadas para o entendimento do capital social para a geração de recursos através do financiamento coletivo. No âmbito das práticas societárias, emergem diversas formas de produzir fora da relação salarial, como o associativismo e a economia solidária. O financiamento coletivo é uma das novas formas de relações econômicas praticadas através de uma dinâmica coletiva pautada na reciprocidade, confiança e capital social, as quais vêm representando alterações na forma racional predominante. A pesquisa objetivou investigar a importância do capital social para o êxito dos projetos apresentados na Catarse, plataforma criada para unir empreendedores socioculturais e apoiadores dispostos a auxiliarem financeiramente a realização dos projetos. A metodologia de pesquisa consistiu na produção de dados quantitativos coletados através de questionários respondidos por 103 realizadores da plataforma Catarse e na posterior
análise através do teste t de Studente da Regressão Logística. Os resultados demonstraram que o capital social influencia o resultado do financiamento coletivo
porque os sujeitos que obtiveram êxito possuem confiança, redes sociais fortes,
comunidade ativa e reciprocidade. Entendeu-se também, que o financiamento
coletivo é uma prática com características da racionalidade econômica substantivista, pois rompe com alguns pressupostos da economia de mercado, como a busca do lucro máximo, porém está inserida na dimensão mercantil, privilegiada pela abordagem formalista.