Resumo:
O presente trabalho tem por objetivo analisar a Guarda Nacional do Império do Brasil. Dando lugar especialmente aos homens que dela participavam, oficiais e soldados rasos, no interstício entre 1850 ? ano da lei que reformou a milícia ? e 1873 ? quando houve nova reformulação normativa ?, intenta compreender fatores relativos às práticas sociais e interfaces comportamentais de variados sujeitos em um contexto delimitado, cujo cenário é a antiga Colônia Alemã de São Leopoldo. Vivências, comportamentos e estratégias diárias são revelados, buscando, assim, margens e frestas de sistemas de controle da sociabilidade. Percorrendo fios e rastros das redes políticas configuradas em uma área de colonização/imigração alemã no Rio Grande de São Pedro oitocentista, volta-se, especialmente, a tácitos acordos entre autoridades locais, abordando a sociedade imperial em um corte vertical. O cotidiano dos cidadãos em armas é objeto-chave, especialmente questões de conflictividad, que revelam a militarização que moldou as malhas e teias que compunham aquela sociedade. Em suma, busca por regras nem sempre escritas que explicitam o modus operandi da milícia em complexas manobras de revelação e obscurecimento normativo. Imigrantes naturalizados e descendentes de pioneiros, como sujeitos históricos, tornam-se, portanto, homo politicus. Preocupa-se, finalmente, em desvelar jogos de cooperações e conflitos, cuja análise debruça-se sobre o oficialato miliciano.