Resumo:
A pesquisa investiga as performances de drag queens em videoclipes como manifestações de resistência cultural e política, examinando como essas expressões desafiam e renegociam normas socioculturais existentes. O estudo foca na interseção entre mídia, cultura e identidade, especialmente no Brasil, onde as questões de representatividade identitária são temas de intensas disputas. A metodologia emprega o conceito de multiperformance, considerando os videoclipes como espaços de significado complexo, onde múltiplas performances de identidade coexistem e se influenciam mutuamente para criar significados. A pesquisa articula teorias da performatividade e perspectivas decoloniais e de interseccionalidade para entender como as drag queens transcendem a mera expressão artística, atuando como intervenções críticas que desafiam convenções da música popular e normas identitárias, enquanto resistem às estruturas de poder que marginalizam identidades. A abordagem transmetodológica integra diferentes dimensões da comunicação, considerando aspectos estéticos, sociológicos e históricos para capturar o potencial simbólico e político da comunicação. A análise detalhada de videoclipes selecionados mostra como as drag queens utilizam estratégias estéticas, musicais e tecnológicas para negociar visibilidade, autenticidade e legitimidade, enfrentando tanto as limitações da indústria cultural quanto as expectativas sociais dominantes. Os videoclipes são vistos como arenas de disputa simbólica onde identidades estão em constante construção, desconstrução e reconfiguração, revelando as complexas interações entre performatividade, midiatização e interseccionalidade. A pesquisa oferece uma contribuição significativa ao campo da comunicação ao propor uma epistemologia crítica que valoriza a diversidade de saberes e destaca o impacto das representações culturais na construção das realidades sociais. Ela sublinha a importância de uma ciência que seja inclusiva e comprometida com a justiça social. Além disso, enfatiza a necessidade de práticas comunicacionais que promovam uma representação mais justa e equitativa, destacando as performances artísticas de drag queens como exemplos marcantes de resistência cultural e afirmação identitária. A valorização dessas performances evidencia o poder transformador das artes em um contexto de resistência e afirmação das identidades dissidentes, reafirmando a relevância de uma análise crítica e engajada das mídias.