Resumo:
O objetivo deste trabalho é entender como a produção discursiva publicada por clínicas médico-estéticas significa o corpo tido como gordo. A pergunta norteadora da pesquisa é: “Como os discursos midiatizados permeados por apelos e operações médico-estéticas com fins publicitários constroem representações e significações sobre o corpo gordo? E de que forma tais discursos agenciam a circulação e os imaginários sociais a partir das gramáticas de produção?”. Diante disso, evidencia-se a necessidade de estudar o corpo humano e sua relação com a comunicação (Hanno e Pross, 1990) e, também, outras áreas do conhecimento. Para isso, mobiliza-se os conceitos de midiatização (Verón, 2013; Gomes, 2017; Vizer, 2015), estigma (Goffman, 1988) , corpos dóceis (Foucault, 2003), dentre outros. Como abordagem metodológica realiza-se uma análise em duas etapas, vinculando a abordagem da circulação discursiva de Verón (2004) e a proposta de análise performativa de José Luiz Braga (2010). São analisadas dez publicações de Instagram realizadas por diferentes clínicas médico-estéticas com o intuito de verificar quais acionamentos sígnicos são realizados ao mencionar ou retratar o corpo não-magro. O principal resultado encontrado é que o corpo tido como gordo é representado por meio do descarte. Ou seja, suas representações ocorrem apenas quando o mesmo já foi eliminado pelo paciente que se submeteu ao tratamento. Portanto, parte da produção discursiva dessas empresas reforça um estigma criado pelas mesmas que fragiliza pessoas com corpos não-magros, valendo-se para isso dos recursos do ambiente digital e de operações de sentido típicas da midiatização.