Resumo:
Esta tese investiga como movimentos tecnoculturais entre plataformas, mídias sociais e usuários atualizam as monstruosidades audiovisuais em suas materialidades, tomando a série Castle Rock de Stephen King e J.J. Abrams como corpus da pesquisa. A análise inicial da série revela que suas monstruosidades se atualizam em outras materialidades digitais, transcendendo os limites da narrativa original. Dessa forma, a pesquisa visa compreender fenômenos comunicacionais, destacando a importância de olhar as particularidades que revelam aspectos macro desses fenômenos. Propõe, portanto, uma análise que ultrapassa a especificidade do produto audiovisual para entender processos midiáticos mais amplos, conectando micro e macrofenômenos na construção social coletiva a partir das técnicas e estéticas que se manifestam e se perpetuam em diferentes formatos e dispositivos, relacionando conceitos de memória, ações do usuário e imagem técnica. Observando como as monstruosidades presentes na narrativa da série se espalham para outros espaços digitais, utilizamos o conceito de dialética da imagem de Didi-Huberman (1998), a fim de entender como essas monstruosidades audiovisuais se manifestam nas comunicações via plataformas e mídias sociais, formando o que denominamos "audiovisualidades monstruosas". Para identificar o corpus da pesquisa, utilizamos a abordagem metodológica que envolve a flânerie e a cartografia. A flânerie, inspirada por Benjamin (2009) e aplicada no contexto digital, permitiu explorar plataformas de streaming como um flâneur, observando e sendo afetada pelas diversas representações de monstros em filmes e séries. Com base nesses movimentos metodológicos iniciais e na escolha do corpus, a pesquisa seguiu para outros espaços digitais a partir das coleções de sentidos monstruosos da série, voltando-se para as plataformas e mídias sociais onde encontramos aspectos monstruosos dialéticos à série, segundo a metodologia das molduras (KILPP, 2002), considerando suas implicações tecno-estéticas, sociais e políticas dentro da tecnocultura contemporânea. A investigação revelou que as plataformas digitais e mídias sociais são espaços onde essas monstruosidades se atualizam, refletindo aspectos sociais e políticos da tecnocultura de nossa época. Ao explorar as janelas virtuais, a pesquisa destacou como os monstros se manifestam através das plataformas e ações dos usuários, demonstrando sentidos dialéticos com as monstruosidades audiovisuais da série Castle Rock.