Resumo:
Identificar as oportunidades e as ameaças às exportações brasileiras no segmento de máquinas e implementos agrícolas ao continente africano, mercado em que fabricantes nacionais se consolidaram como players relevantes a partir dos anos 2000 e para onde ainda direcionam parte de suas estratégicas comerciais e apostas para o futuro, é o objetivo desta pesquisa. Após representar 10,3% dos embarques do setor, em 2015, a participação das vendas para a África retrocedeu para 4,4% em 2022. Ao contrário do Brasil, países como Alemanha, China e Índia aceleraram suas vendas ao continente, sinalizando que os fabricantes nacionais estariam perdendo o terreno conquistado especialmente entre os anos 2000 e 2010. O fortalecimento de novos concorrentes, como a Turquia, também seria fator da perda de mercado, assim como os investimentos internacionais na produção de equipamentos mais adequados às condições de produção agrícola africana, como de solo – o que incialmente era um dos principais fatores de diferenciação brasileira. O estudo foi conduzido a partir de métodos qualitativos, com ênfase em entrevistas semiestruturadas e análise documental como forma de triangulação de dados referentes às percepções dos fabricantes nacionais. Como objetivo mercadológico, este estudo buscou verificar os movimentos estratégicos que vêm sendo adotados pelos fabricantes globais que disputam esse mercado e pontos de melhorias
possíveis para a retomado das vendas, como a prestação de serviços de manutenção em áreas mais remotas, uma queixa recorrente entre os produtores locais, assim como estudar o segmento de locação e compartilhamento de máquinas, uma característica africana e potencial gerador de novos negócios.