Resumo:
Diante dos desafios do século XXI, que engloba uma série de crises interligadas, fica evidente que o mundo está imerso em uma cultura e sistema degenerativos, que têm destruído a vida e revelado processos profundos de injustiça social e altos níveis de desigualdade. Ao reconhecer que o design tem sido cúmplice desse processo, orientado por um pensamento reducionista, patriarcal e capitalista, acredita-se que ele também pode ser um elemento catalisador de mudança rumo a uma nova cultura regenerativa. O objetivo desta dissertação é estimular a reflexão sobre o Design Estratégico Regenerativo, enfatizando os conceitos de regeneração e design regenerativo com o propósito de colocar o bem-estar e o cuidado com a vida no centro dos processos decisórios, guiados por uma abordagem ecossistêmica em que a natureza atue como mentora. Nesse contexto, são explorados conceitos como o Bem-Viver, o Ecofeminismo e a espiritualidade como uma dimensão do pensamento sistêmico. Além disso, destaca-se a proposta do co-design sentipensante para ressaltar a importância das emoções, assim como a criação de vínculos e conexões em uma jornada de design voltada para fomentar uma cultura regenerativa. Para fundamentar essa pesquisa, adotou-se uma metodologia qualitativa, exploratória e experiencial, acompanhada de uma extensa revisão da literatura relevante. É importante ressaltar que a trajetória desta pesquisa percorreu diversos caminhos, iniciando-se antes da entrada da autora no programa de mestrado, por meio de sua participação ativa em projetos comunitários e sociais. Além disso, a autora envolveu-se em uma experiência imersiva de pesquisa relacionada ao design regenerativo, que deu base à investigação, e orientou o processo de Design Estratégico Regenerativo proposto. Para guiar essa jornada regenerativa, surgiram oito movimentos a partir da pesquisa elaborada, resultando em 12 princípios regenerativos, que também foram decorrentes das experiências da autora. Esses movimentos foram testados por um grupo de estudantes de design. No entanto, reconhece-se que, devido à natureza complexa do tema, que busca a transformação social e cultural, a metodologia proposta precisa ser aplicada em contextos mais amplos. Apesar disso, acredita-se que as reflexões abordadas neste trabalho contribuem para o avanço do campo do design, oferecendo uma perspectiva regenerativa que vai além da mera sustentabilidade.