Resumo:
As contribuições na área do Design Emocional, apesar de importantes, são insuficientes quando se trata de impactos benéficos e de longa duração nos indivíduos. Por isso, novas propostas teóricas, como o Positive Design, vem ganhando força, já que têm o intuito de projetar com foco no bem-estar subjetivo dos usuários, gerando efeitos de longa duração. O Positive Design oferece três ingredientes importantes para o estímulo desse bem-estar, que são: design para virtudes, design para o prazer e design para significados pessoais. Neste trabalho, pretende-se dar foco ao estímulo das virtudes, que se manifestam por meio de forças de caráter. As forças de caráter são predisposições ao sentir e à ação, provenientes das virtudes e valores morais dos indivíduos. Para projetar nessa perspectiva, há cinco elementos de design que devem ser levados em conta: ser orientado a possibilidades; equilíbrio entre os três ingredientes (significados, virtudes e prazeres); ter elementos de ajuste pessoal; envolvimento ativo do usuário e impacto duradouro. Sabendo-se que o Positive Design ainda não tem métodos ou técnicas de design consolidados, propõe-se como problema de pesquisa: de que forma designers apropriam-se do Positive Design em projetos com foco no reforço de forças de caráter dos indivíduos (clientes do projeto)? As investigações foram feitas por meio de uma pesquisa aplicada, com base exploratória, na qual foi analisado o uso da teoria do Positive design em práticas de projeto experimentais, baseadas no modelo de Tonetto et al. (2018). Essas práticas foram feitas com clientes e designers, seguidas de grupos focais com os profissionais. Os métodos de coleta de informações foram a observação participante e o grupo focal, e a análise dos dados foi feita por meio da análise de conteúdo. Os principais resultados foram a dificuldade de abstração e generalização da força de caráter proposta à um público mais amplo, a influência das características da cliente em diferentes esferas do projeto, alternativas de projeto com impactos sócio culturais, dificuldades no uso do ingrediente prazer e facilidade em propor elementos de ajuste pessoal. Por fim, sugere-se algumas lições que podem ser pertinentes a projetos e estudos futuros.