Resumo:
A presente pesquisa de mestrado envolve a discussão da ideia de classe operária e movimento negro e como essas causas se relacionavam entre si, no contexto da cidade de Pelotas no período pós Estado Novo. O foco do estudo está no jornal A Alvorada, periódico semanal de causa negra e trabalhista, que circulou em Pelotas entre 1907 e 1965, restringindo ao período de 1945-57, procurando observar como esse jornal se incluía nessa discussão, e até que ponto foi limitado pelo contexto. A escolha desta delimitação de tempo para a pesquisa se deve ao fato de 1945 ser o ano do fim do Estado Novo, que marcou grandes mudanças no campo trabalhista, e encerrando em 1957 por acreditarmos que assim formamos um tempo suficientemente hábil para o estudo. Assim, pensando no conceito de movimento trabalhista no período pós-escravidão, discutiremos a movimentação do operariado negro sob o debate chamado por Sidney Chalhoub de “muro de Berlim historiográfico”, a divisão intransponível entre os estudos do pós-escravidão e do movimento trabalhista, resumida pela ausência da consideração da cor dentro das análises sobre a classe trabalhadora. Pensando também nas discussões anticolonialistas que aconteciam fora do Brasil – principalmente nas colônias francesas – contemporaneamente ao período estudado, pretendemos observar até que ponto os discursos de teóricos e revolucionários anticolonialistas podem se aproximar das reivindicações explicitadas no A Alvorada, e como podemos discutir o conceito de ideologia colonialista no Brasil já republicano.