Resumo:
Esta tese, intitulada “O Padre Médico de Grajaú: A trajetória de Frei Alberto Beretta no sertão maranhense (1949 a 1981)”, tem como objetivo investigar a atuação deste médico e sacerdote italiano na área da saúde no sertão maranhense. Trata-se de um estudo da trajetória de vida de Frei Alberto Beretta, chegado na cidade de Grajaú (MA) no ano de 1949, localidade que escolheu para prestar atendimento à comunidade mais pobre. A investigação permite discutir sua atuação e suas contribuições na área da saúde, relegada pelos entes públicos, até mesmo por insuficiência de médicos para a interiorização de tratamentos, mesmo os mais simples. As questões que envolvem esta trajetória de vida, principalmente no que tange a sua atuação médica, são o objeto principal deste trabalho. Deste modo, buscou-se, primeiramente, abordar a chegada do Frei ao Brasil, bem como quais foram suas motivações para a escolha deste lugar, reconstituindo o Brasil como um país de missões capuchinhas italianas, e a sua chegada na cidade de Grajaú (MA), prelazia administrada pela ordem capuchinha italiana desde sua criação, em 1922. A tese apresenta ainda: as dificuldades e as conquistas de Frei Alberto Beretta na construção do primeiro hospital da região, o Hospital São Francisco de Assis, obra concluída em 1964; seu processo de revalidação do Curso de Medicina em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Por isso, é proposta uma análise da sua atuação como médico no atendimento das comunidades locais, sobretudo dos hansenianos e da população pobre, dando ênfase ao uso de técnicas consideradas experimentais, especialmente nas décadas de 1960 e 1970. Aspectos vinculados aos contextos regional e local também foram contemplados ao longo do trabalho. No que se refere aos aspectos teóricos e metodológicos, esta pesquisa dialoga com a História da Saúde, a História Social e as análises de trajetória de vida. As fontes analisadas foram obtidas nos arquivos da Diocese de Grajaú e do Convento do Carmo Caput et Mater da Congregação em São
Luís (MA), consistindo em cartas, jornais, relatos testemunhais, três livros biográficos,
bem como arquivos pessoais fornecidos pela guardiã dos documentos da família, Virgínia Beretta. A pesquisa revela um personagem com protagonismo na atuação médica na região sertaneja maranhense ao longo dos 30 anos de sua estadia em Grajaú, com prestação de serviços assistenciais de saúde de grande relevância.