Resumo:
O Brasil encontra-se no ranking dos países com maior massa carcerária mundial e
reincidências por limites em sua capacidade de ressocializar e gerar oportunidades
de vida digna aos egressos. A presente dissertação visa analisar o papel do trabalho
fornecido por empresas privadas e pelo Estado, no processo de ressocialização de
presos no sistema penitenciário de Aparecida de Goiânia-GO. A metodologia foi
composta por pesquisa qualitativa e quantitativa, desenvolvida por meio de estudo
bibliográfico e documental e entrevistas com 38 presos do universo de 173 (dos
6.228 presos) que trabalhavam, em outubro de 2017, no sistema penitenciário de
Aparecida de Goiânia. Os presos entrevistados são mulheres e homens entre 18 e
64 anos em idade economicamente ativa. Os resultados evidenciam que o trabalho
é relevante para a autoestima, responsabilidade, estar num ambiente melhor,
aprender, etc. Chamou atenção a relevância da família. Aproximadamente 50% dos
entrevistados refeririam “dar orgulho para família” como principal motivação para o
trabalho, acima da “remição de pena”. O estudo conclui que o trabalho por si só não
ressocializa, sendo necessárias outras políticas públicas, como acesso à educação,
saúde, dignidade aos familiares nas visitas, acesso imediato da família ao preso
assim que é recolhido e acolhimento psicológico individual e em grupo, a fim de que
não haja reincidência criminal.