Resumo:
O presente estudo se propõe a investigar os significados da liberdade agenciados pelas
pessoas negras em Jaguarão, cidade localizada no extremo sul do Rio Grande do Sul.
Desse modo, buscou-se centrar as atenções nas experiências de libertos/as e negros/as
livres no espaço temporal entre 1870 e 1905. A base documental foi formada por
inventários, jornais, cartas de alforria e, sobretudo, processos criminais. Buscou-se
explorar o máximo da documentação para compreender como a herança da escravidão
marcou o imaginário senhorial/patronal. Por outro lado, foi observado que a população
negra construiu significados da liberdade autônomos ao processo de controle sócioracial. A racialização foi o eixo norteador de todo o trabalho. Através desse conceito foi
possível compreender os entrelaçamentos entre temas como o crime, o trabalho e o
gênero. A liberdade foi precária e racializada, o que não impediu as pessoas negras de
construírem significados autênticos as suas vidas.