Resumo:
O objetivo da presente dissertação é investigar como o fenômeno da sorte moral pode ser melhor compreendido a partir de suas possíveis relações com a sorte epistêmica. Em um primeiro momento, o que une os dois fenômenos é o fato de fatores de sorte influenciarem no crédito moral e epistêmico que atribuímos aos agentes pelo seu comportamento moral e aquisições cognitivas. Entretanto, sabendo que o fenômeno epistêmico em questão tem seu nascimento formal anterior ao problema da sorte moral, é válido se perguntar se ambos os campos do debate chegam a traçar similaridades mais profundas nos dois casos. A validade dessa questão se fundamenta em um interesse comum as áreas, isto é, que para atribuirmos censura e elogio moral, bem como para atribuirmos conhecimento a alguém, devemos excluir fatores de sorte, pois eles parecem tirar o mérito da agência. Assim, investigando essas conexões da sorte moral com sua contraparte epistêmica, podemos ter um aprofundamento sobre novas dimensões do problema, bem como traçar possíveis soluções que visem a defesa da relevância do fenômeno moral em questão. Dito isso, o trabalho aborda autores como John Greco, Linda Zagzebski, Robert Hartman e Duncan Pritchard, que oferecem análises das aproximações dos fenômenos com base no ceticismo, simetrias entre o discurso moral e epistêmico, a possibilidade da agência moral e epistêmica frente a elementos de sorte, e categorias de classificação que são análogas a ambos os fenômenos. Em extensão, também será visto que um ponto comum entre esses autores é a proposta da ética das virtudes, bem como a epistemologia das virtudes, para conciliar o mérito da agência moral e epistêmica e fatores de sorte. Estabelecido o objetivo, partirei para a caracterização do problema.