Resumo:
Esta tese propõe analisar diferentes experiências femininas no processo de abolição da escravidão em Porto Alegre, visibilizando suas agentes e respectivas ações nos espaços públicos-políticos dessa capital. Para atingir esse objetivo, utilizou-se um amplo e variado conjunto de fontes civis, eclesiásticas, cartoriais e impressas, o qual foi vislumbrado a partir dos referenciais teórico-metodológicos da micro-História, como a prosopografia e a biografia, e da combinação e alternância de abordagens qualitativas e quantitativas. Entre os resultados obtidos, constatou-se um número significativo de jovens e senhoras, socialmente brancas e oriundas dos segmentos mais abastados da sociedade, ensejando suas trajetórias em âmbitos diferentes do abolicionismo - do movimento organizado ao nível cotidiano. Como integrantes de sociedades abolicionistas, promovendo ações dentro e por meio delas, ou como senhoras travando negociações diretas em torno da liberdade de seus escravizados e suas escravizadas, essas mulheres testaram os limites de gênero que lhes eram impostos. Mobilizando de modo inteligente e inventivo os recursos que possuíam, observou-se uma significativa parte das abolicionistas criando e mantendo espaços de atuação para si em campos a priori entendidos como masculinos.